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  • Foto do escritorInstituto Ethos

Governadores do Nordeste marcaram presença na abertura da CBMC

Evento ocupou 9 espaços, com mais de 80 painéis, mesas redondas e atividades culturais



Diante de um auditório lotado por mais de mil pessoas, a Conferência Brasileira de Mudanças do Clima (CBMC) teve início no dia 6 de novembro, no Arcádia do Paço Alfândega, no Recife. Além do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, também participaram da solenidade a vice-governadora Luciana Santos; o prefeito do Recife, Geraldo Julio; o presidente do Instituto Ethos, Caio Magri; governadores de diversos Estados; e representantes de empresas públicas e privadas, ONGs e movimentos sociais.


Durante os três dias de diálogo, mais de 80 painéis, mesas redondas e atividades culturais em nove diferentes espaços no Recife foram realizados na primeira edição da Conferência Brasileira de Mudança do Clima (CBMC), que reuniu representantes de ONGs, comunidade científica, movimentos sociais, governos e o setor privado e público brasileiro.


“Pernambuco tem defendido, há muito, que é preciso dar a atenção devida ao meio ambiente, às questões climáticas. Precisamos buscar ações que garantam um desenvolvimento sustentável, e nessa conferência vamos discutir e analisar temas importantes para o futuro, não apenas de Pernambuco ou do Nordeste, mas de todo o Brasil e do mundo”, alertou Paulo Câmara, reafirmando a disposição de contribuir para a COP-25. “Com certeza, ela vai dar um norte de valores, ações e projetos para que a gente tenha um mundo mais protegido e as ameaças constantes possam ser minimizadas para garantir às futuras gerações uma qualidade de vida cada vez melhor”, acrescentou Paulo Câmara.


O presidente do Instituto Ethos, Caio Magri, ressaltou a importância de responsabilidades claras e coletivas como as estabelecidas na Declaração do Recife. O documento foi lançado no evento e reúne compromissos para diversos setores produtivos que priorizem a descarbonização. “Garantir a integridade das presentes e futuras gerações é indiscutível e inegociável. Não há soluções fora da ação coletiva, mas são indispensáveis compromissos definidos com responsabilidades claras dos governos, das empresas, da sociedade civil, da academia, dos movimentos sociais, por parte de cada ator da sociedade, da economia e da política”, declarou.


O outro documento destacado foi a “Carta dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente pelo Clima”, assinada por representantes de todos os estados do país e do Distrito Federal sob a coordenação da Abema (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente). “Propomos a adoção de alguns compromissos estaduais que consigam alinhar um modelo de desenvolvimento de baixo carbono, incentivando a criação de políticas e ações para a mudança do clima, associada à criação de empregos, conservação dos recursos naturais, redução das desigualdades e ampliação do progresso social. Os estados do Acre e de Pernambuco são os dois mais avançados nos instrumentos legais sobre mudanças climáticas”, revelou Germano Vieira, secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais e presidente da Abema, que completou: “temos que evitar que nesse país se propague que meio ambiente é coisa de ambientalista. É assunto de governo e dos poderes constituídos, da academia, da indústria e de todos nós”.


“O Recife é a primeira cidade brasileira a decretar o reconhecimento da situação de emergência climática global. A necessidade do estabelecimento de metas mais rígidas para 2030 e 2050 é uma necessidade real. Em 2014 fizemos o plano de sustentabilidade e enfrentamento às mudanças climáticas, em 2016 fizemos o primeiro inventário dos gases de efeito estufa e queremos continuar esse trabalho. Já estamos conseguindo estabilizar as emissões, o que é um primeiro passo para conseguirmos seguir para a redução das emissões”, afirmou Geraldo Julio, Prefeito do Recife.


O secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, destacou que o Brasil tem liderado as questões de enfrentamento às mudanças climáticas e que a sociedade tem compromisso com essa luta. “Pernambuco já tem uma política de enfrentamento às mudanças climáticas, mas, a partir do inventário, vamos apresentar metas mais ousadas e Pernambuco vai poder tanto dizer o que já fez no enfrentamento às mudanças climáticas, como ter números concretos chancelados pela ONU das emissões de gases de efeito estufa, avançando nesse modelo de desenvolvimento sustentável”, afirmou Bertotti.


Representando o setor corporativo, Adalberto Maluf, diretor de Sustentabilidade da BYD no Brasil enfatizou que “vão continuar lutando para que o setor privado se engaje cada vez mais nessa agenda”. E, Solange Ribeiro, diretora-presidente adjunta da Neoenergia alertou que “certamente empresas que não se atentarem a questão de mitigar os riscos climáticos não estarão aqui daqui a 30 anos”. A diretora-presidente da Neoenergia disse ainda: “é algo mandatório para o dia a dia empresarial, o setor privado tem sim um papel importante nessa discussão”.


Povos Indígenas

Em bate-papo realizado após a abertura, Paulo Tupiniquim, da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), e Valéria Paye, representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), compartilharam a visão dos povos da floresta em relação a agenda climática. “O processo do debate quanto a mudança do clima atinge a todos. A destruição de nossos biomas advém da ganância e a todo esse processo de crimes que estamos acompanhando nos últimos anos, como a exploração perversa de nossa natureza”, disse Valéria.


Paulo observou a questão dos desastres ambientais. “A falta de responsabilidade de nossos governantes tem sido a causa dos desastres ambientais que temos vivido. A ganância tem impactado na atuação e na forma a qual tratam e respeitam a terra. O governo brasileiro trata o meio ambiente como uma piada”, disse Tupiniquim.


Valéria encerrou o diálogo dizendo que “a valorização do conhecimento dos povos indígenas é muito importante, é preciso que os atuais conceitos sejam revistos”, concluiu.



Por: Rejane Romano, do Instituto Ethos, com informações da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) de Pernambuco

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