Estresse térmico no trabalho deve custar US$ 2,4 tri ao ano para economia global
Atualizado: 10 de jul. de 2019
Um aumento no estresse térmico no trabalho, ligado às mudanças climáticas, deve ter impacto massivo sobre a produtividade e provocar perdas econômicas globais, notavelmente na agricultura e na construção civil, disseram especialistas das Nações Unidas na segunda-feira (1).
Destacando que os países mais pobres do mundo serão os mais afetados, especialmente no oeste da África e no sudeste da Ásia, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) alertou que a produção perdida será equivalente a 80 milhões de empregos de tempo integral – ou 2,2% do total de horas de trabalho em todo o mundo – em 2030.
O custo total dessas perdas será de 2,4 trilhões de dólares a cada ano, segundo o relatório “Working On a Warmer Planet” (Trabalhando em um Planeta mais Quente, em tradução livre), da OIT. O documento é baseado em um aumento de apenas 1,5°C na temperatura global até o fim deste século.
“O impacto do estresse térmico sobre a produtividade laboral é uma consequência séria da mudança climática”, disse Catherine Saget, chefe de unidade do departamento de pesquisas da OIT e uma das autoras do relatório. “Podemos esperar mais desigualdades entre países de alta e baixa renda e condições de trabalho piores para os mais vulneráveis”.
Agricultura e construção serão mais afetados
No relatório da OIT, o estresse térmico é definido como aquele que ocorre geralmente acima de 35°C, em locais onde a umidade é alta. Excesso de calor no trabalho é um risco ocupacional à saúde e em casos extremos pode levar à insolação, que pode ser fatal.
Com cerca de 940 milhões de pessoas trabalhando na agricultura no mundo, agricultores devem ser os atingidos pelas temperaturas crescentes, de acordo com dados da OIT. O setor será responsável por 60% das horas de trabalho perdidas em todo o mundo por estresse térmico, até 2030.
O setor da construção também será “severamente impactado”, com uma estimativa de 19% das horas de trabalho globais perdidas no final da próxima década, segundo a OIT.
Entre outros setores em risco estão: coleta de lixo, serviços de emergência, transportes, turismo e esportes.
As perdas econômicas geradas pelo estresse térmico irão reforçar desvantagens econômicas existentes, especialmente os índices mais altos de pessoas que trabalham e que estão na pobreza, empregos informais e vulneráveis, agricultura de subsistência e falta de proteções sociais, acrescentou Saget.
Para se adaptar a esta nova realidade, a OIT pede medidas urgentes de governos, empregadores e trabalhadores, com foco na proteção dos mais vulneráveis.
Isso inclui infraestruturas adequadas, sistemas de alerta melhores para eventos climáticos extremos e implementação de padrões trabalhistas internacionais sobre segurança e saúde no trabalho.
Crédito: ONU Brasil
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